A obra Metamorphosis II, do artista Maurits Cornelis
Escher, chama atenção pela forma primorosa como o artista se apropria de
técnicas, como o mosaico, e articula os elementos visuais: formas, tamanhos, cores e texturas. É uma obra
que pode ser considerada atemporal e servir como ponto de partida para
reflexões sobre as transformações relacionadas à fauna, à flora e às paisagens
urbanas.
Ao primeiro olhar, percebe-se que a técnica utilizada é
um tanto inovadora, pois passa a ideia de um mosaico que nesse caso, em tese,
sugere uma leitura que pode iniciar-se tanto pela lateral esquerda quanto pela
direita, dado o fato de que o movimento dos elementos visuais permite isso.
Talvez essa tenha sido uma das intenções do autor, provocar diferentes
interpretações.
Na composição geral da obra, nenhum espaço foge a
capacidade artística do autor. Em sua lateral esquerda, os elementos visuais
representam a fauna que, no decorrer da leitura, vai-se transformando em
diferentes espécies até chegar à lateral direita, onde tem-se a representação
de uma paisagem tipicamente urbana.
Aliás, em sua lateral direita, como visto no trecho
apresentado acima, os elementos da linguagem visual, como formas, tamanhos,
cores e texturas, ao mesmo tempo em que contribuem para a formação de
representações geométricas - os retângulos, trabalham harmonicamente para
chamar a atenção, sem prendê-la em um determinado ponto da obra. Tal efeito se
dá pelas extensões relativamente uniformes que percebemos em cada linha, o que
contribui para que o olhar do observador possa percorrer toda a obra sem se
deter em uma parte apenas. Somado a isso, o jogo de luz e sombra e cor – branco
e preto e “marrom” – enfatiza o efeito tridimensional já produzido pelas linhas
e dá a impressão de volume em cada bloco.
Em uma interpretação mais subjetiva do último trecho da
obra, a ideia que se tem é que o branco seria a luz do sol que atinge as
superfícies laterais direitas formadas pelas linhas diagonais e verticais em
cada bloco. Já o preto, representa as sombras formadas nas superfícies laterais
esquerdas, que seriam as áreas não atingidas pela luz do sol. O “marrom”, por
sua vez, remete às superfícies superiores e planas de cada bloco que refletem
menos luz.
Enfim, é notável o
quanto a capacidade artística de Escher nesta obra se revela ao valer-se de
inovação técnica e da articulação dos elementos visuais: formas, tamanhos, cores e texturas; tudo em um
mesmo suporte, contribuindo para efeitos de tridimensionalidade e volume que
não apenas prendem a atenção do leitor mas podem levar à reflexão sobre as
transformações decorrentes tanto de efeitos naturais quanto da ação do homem
sobre a natureza. Simplesmente, uma obra fantástica!
REFERENCIAS
SANTOS. Marcia Campos dos. Arte e Processo de Criação I.
Marcia Campos dos Santos. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES,
2017. pp. (Material didático. Curso de Licenciatura em Artes Visuais).
ESCHER, Maurits Cornelis. Metamorphosis II. Disponível
em: https://uploads8.wikiart.org/images/m-c-escher/metamorphosis-ii-excerpt-5.jpg!Large.jpg
Acesso em: 09 maio 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário