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24.7.20

Do visível ao invisível: a técnica e os elementos visuais na obra Metamorphosis II de Escher

A obra Metamorphosis II, do artista Maurits Cornelis Escher, chama atenção pela forma primorosa como o artista se apropria de técnicas, como o mosaico, e articula os elementos visuais:  formas, tamanhos, cores e texturas. É uma obra que pode ser considerada atemporal e servir como ponto de partida para reflexões sobre as transformações relacionadas à fauna, à flora e às paisagens urbanas.


Ao primeiro olhar, percebe-se que a técnica utilizada é um tanto inovadora, pois passa a ideia de um mosaico que nesse caso, em tese, sugere uma leitura que pode iniciar-se tanto pela lateral esquerda quanto pela direita, dado o fato de que o movimento dos elementos visuais permite isso. Talvez essa tenha sido uma das intenções do autor, provocar diferentes interpretações.

Na composição geral da obra, nenhum espaço foge a capacidade artística do autor. Em sua lateral esquerda, os elementos visuais representam a fauna que, no decorrer da leitura, vai-se transformando em diferentes espécies até chegar à lateral direita, onde tem-se a representação de uma paisagem tipicamente urbana.

Aliás, em sua lateral direita, como visto no trecho apresentado acima, os elementos da linguagem visual, como formas, tamanhos, cores e texturas, ao mesmo tempo em que contribuem para a formação de representações geométricas - os retângulos, trabalham harmonicamente para chamar a atenção, sem prendê-la em um determinado ponto da obra. Tal efeito se dá pelas extensões relativamente uniformes que percebemos em cada linha, o que contribui para que o olhar do observador possa percorrer toda a obra sem se deter em uma parte apenas. Somado a isso, o jogo de luz e sombra e cor – branco e preto e “marrom” – enfatiza o efeito tridimensional já produzido pelas linhas e dá a impressão de volume em cada bloco.

Em uma interpretação mais subjetiva do último trecho da obra, a ideia que se tem é que o branco seria a luz do sol que atinge as superfícies laterais direitas formadas pelas linhas diagonais e verticais em cada bloco. Já o preto, representa as sombras formadas nas superfícies laterais esquerdas, que seriam as áreas não atingidas pela luz do sol. O “marrom”, por sua vez, remete às superfícies superiores e planas de cada bloco que refletem menos luz.

Enfim,  é notável o quanto a capacidade artística de Escher nesta obra se revela ao valer-se de inovação técnica e da articulação dos elementos visuais:  formas, tamanhos, cores e texturas; tudo em um mesmo suporte, contribuindo para efeitos de tridimensionalidade e volume que não apenas prendem a atenção do leitor mas podem levar à reflexão sobre as transformações decorrentes tanto de efeitos naturais quanto da ação do homem sobre a natureza. Simplesmente, uma obra fantástica!

REFERENCIAS

SANTOS. Marcia Campos dos. Arte e Processo de Criação I.  Marcia Campos dos Santos. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2017. pp. (Material didático. Curso de Licenciatura em Artes Visuais).
ESCHER, Maurits Cornelis. Metamorphosis II. Disponível em: https://uploads8.wikiart.org/images/m-c-escher/metamorphosis-ii-excerpt-5.jpg!Large.jpg Acesso em: 09 maio 2020.



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