De acordo com os PCNs de Arte (pp.22;25), na primeira
metade do século XX, havia uma disciplina, o Desenho, na qual valorizavam-se
habilidades manuais, os “dons artísticos”, numa visão utilitarista e imediatista
da arte. Porém, esta forma de enxergar a Arte tem passado por transformações
desde a virada do século, e atualmente é entendida de uma maneira mais
abrangente, na qual a resolução de problemas ganha destaque - PCNs (p. 69) e
influencia as práticas de ensino e aprendizagem no espaço escolar. Isso faz com
que tanto professores quanto alunos não se limitem ao desenvolvimento e
aprimoramento técnico mas sejam desafiados a desenvolverem também outras
habilidades relacionadas ao uso da linguagem visual.
De acordo com Dondis (1997, p. 228), no ensino do
alfabetismo visual, o aprendizado dos elementos básicos - como o ponto, a linha
e seus tipos, o plano, a luz, a sombra, entre outros - devem ser explorados e
aprendidos sob todos os pontos de vista de suas qualidades e capacidades
expressivas no ensino de Arte. E isso leva à conclusão de que é fundamental o
professor de Arte ser capaz de transmitir o conhecimento técnico relacionado ao
desenho e compreender à sintaxe da linguagem visual.
No entanto, é importante lembrar que novas propostas
pedagógicas têm enfatizado uma aprendizagem que vá além de um ensino
tecnicista, e entre elas está a Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa - uma
proposta que considera o processo artístico através do fazer, da apreciação e
da contextualização das obras de arte. Esta abordagem, em conformidade com os
PCNs, possibilita ao professor estruturar sua prática pedagógica, de modo a
viabilizar a aprendizagem por meio de situações que permitam aos estudantes
novas descobertas sobre o processo criativo em Arte.
Tais mudanças na forma de abordar o ensino e aprendizagem
em Artes refletem as demandas de uma sociedade que é cada vez mais tecnicista,
tecnológica, industrializada, porém, desumana. No entanto, a Arte persiste,
primordialmente, para isso, apropria-se da técnica e ir além dela, humanizando
as relações entre as pessoas, dando-lhes inspiração e motivos para sonhar,
criar, viver e serem felizes. São estes uns dos objetivos que se conseguem
através da Arte ao propor situações que desafiem os alunos a acessarem
seus conhecimentos prévios e os relacionem com os conceitos, técnicas e
recursos que dispõem, ajudando-os a desenvolverem novas habilidades e
alcançarem suas intenções comunicativas.
Finalmente, como consequência de tais contextos e
mudanças na forma de pensar o ensino e aprendizagem em Arte, percebe-se que o
papel do professor é fundamental para que se atenda às demandas de ensino e
aprendizagem atuais. Da mesma forma, é imprescindível que a sociedade em geral,
especialmente a comunidade escolar, tenha clareza sobre o papel docente no
ensino da Arte na atualidade e apoie este professor em sua formação e prática
pedagógica, entendendo que o ensino e aprendizagem pela qual ele é o principal
responsável vai além da técnica e constitui-se em um desafio tanto para quem
ensina quanto para quem aprende.
REFERÊNCIAS
- DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual.
2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 240p.
- Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais : arte / Secretaria de Educação Fundamental. –
Brasília : MEC/SEF, 1997. 130p.
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